sábado, abril 18, 2009

Lovely Day

BILL WITHERS- MENAGERIE (Legacy, 1977)
Ser romântico, sonhador e gracioso sem se tornar dramático ou teatral, é algo bastante difícil de alcançar. Bill Withers fê- lo várias vezes, em baladas assumidas ou temas incrívelmente groovy de Jazz e Rhythm & Blues. Note- se que Withers nem é gajo de dançar "...I don`t even dance. I`m a guy who sits on a stool, strums a little guitar and tries to sing a tune...", mas quando fez "Lovely Night For Dancing" sabia perfeitamente onde chegar "...like all human beings, I earn for acceptance. In seeking acceptance and, at the same time, trying to protect my sense of self...".
Spread the love!

JP*

terça-feira, abril 14, 2009

Miles Of Ways

MILES DAVIS- IN A SILENT WAY (Columbia, 1969)
Miles Davis inspiradíssimo no Trompete junta- se a Wayne Shorter no Saxofone Soprano, Chick Corea e Herbie Hancock no Piano Eléctrico, Joe Zawinul no orgão, John McLaughlin na Guitarra Eléctrica, Dave Holland no baixo e Tony Williams na bateria. Daí nasce um ambiente calmo, em camadas de fumo eléctrico com pormenores arrepiantes na guitarra de McLaughlin, depois atentamente ouvimos todos os mestres a darem om seu contributo, nenhum quer ser estrela. Estão ali para contribuir na criação de um prazer etéreo, longe do próprio espaço e tempo.
Podemos perceber isso com relativa facilidade. Podemos não querer saber.

JP

sexta-feira, abril 10, 2009

Record Store Day

DR. JOHN- GRIS GRIS (ATCO, 1968)
Dr. John apareceu em colectânceas de Funk, embora o seu universo siga coordenadas diversas. Harvey utilizou um tema recentemente em BIS- respeito!
Embora só conhecido durante a década de 70, Dr. John já se movimentava na música desde 1950, ainda conhecido como Mac Rebennack. Fundia R&B de New Orleans, rock e Mardi Gras, criando um estilo denominado de música "voodoo"! Aproveitando o "voodoo" e a alcunha "the night tripper" fez de Gris Gris o seu disco mais visionário. Vozes soul, misticismo, clarinete, saxofone, flauta e alma muita alma.
They came at night...

JP

quarta-feira, abril 08, 2009

The Man Who Loved Too Much

Tanta música que se torna essencial depois de ouvida... Há alguns anos, uma ninharia quando comparado com a evolução do ser humano como espécie, foi feita música que parece reduzir a pó muito do que se produz hoje em série... Pena o tempo não abundar para escrever sobre ela...

ALEXANDER SPENCE- OAR (Sundazed, 1969)
Spence foi o primeiro baterista dos Jefferson Airplane, até então sempre havia sido guitarrista. Não terá gostado da experiência e mudou- se para os Moby Grape, onde foi preponderante no seu primeiro álbum. Entretando, segundo os registos, os ácidos seriam em excesso e Spence teria um surto psicótico acompanhado de comportamentos bizarros- como aparecer num estúdio com um machado em chamas... Foi institucionalizado em hospital psiquiátrico durante seis meses. Quando saiu, conseguiu que a Columbia Records lhe emprestasse 1000 dólares para gravar um disco. Spence terá gravado 28 temas em 6 dias no estúdio. Entre 3 e 12 de Dezembro de 1969 ele cantou, tocou baixo, bateria, todas as guitarras e produziu o álbum com a ajuda do engenheiro de som Mike Figlio. O trabalho definitivo: uma obra- prima!
Verdade.

DAVID CROSBY- IF I COULD ONLY REMEMBER MY NAME... (Atlantic, 1971)
Fundador dos The Byrds e dos Crosby, Stills & Nash foi um dos principais impulsionadores da sonoridade folk- rock acústica e harmoniosa. Um génio criativo que infelizmente se iria afundar em drogas à medida que a década de 70 avançava.
Antes disso, ainda bem para a história da música, fez "If I Could Only Remember My Name... David Crosby", um sonho baforado a cores do arco- íris com bom humor que supomos só ser possível ao sol da Califórnia.
Profundamente marcante.

JP

terça-feira, março 31, 2009

A 1972 Gran Torino

ISAAC HAYES- HOT BUTTERED SOUL (Stax, 1969)
Álbum de 4 temas, quebrando todas a normas que até então definiam a "Soul", os instrumentais são extendidos de forma a amaciar a nossa alma, a única forma de percebermos um estado de espírito denominado de enamoramento, em que há uma redução do estado de consciência e todo o nosso mundo gira em torno do objecto querido. Hayes descreve tudo isso de forma magistral e em muitos casos não precisa de cantar para o fazer!
Por vezes sentimos torrentes de prazer em extâse contido que a voz de Hayes provoca. Não é meloso, sentimental, alegra ou triste. É perfeito.

BOOKER T. & THE M.G.s- GREEN ONIONS (Atlantic, 1962)
Entre originais e versões de Ray Charles a Ben Tucker, passando pelo "Twist And Shout" de Phil Medley & Bert Russell. Este é um dos melhores discos instrumentais que ouvi até à data!
Booket T. cedo se evidenciou. Já no seu liceu em Memphis, Tenn. tocava baixo trocando posteriormente para orgão. Destacando- se dos demais, trabalhou como músico convidado da Stax. Daí até a este disco de estreia foi um relâmpago. O prazer é todo nosso!

SHADES OF BROWN- S.O.B (Cadet, 1970)
Na década de 70 a "Cadet" teve em bandas como os Dells, Rotary Connection e Ramsey Lewis tiros certeiros para o sucesso.
Os S.O.B eram de Chicago e tinham 4 vocalistas: Bill Brown, Christopher Allen, Charles Scott IV e Earle Roberts. Começaram por se chamar Fortrells, mudando posterirormente para Mentors, numa curta estadia de 2 singles na ABC Records. Depois sim, Shades of Brown e um gigante álbum de Funk (por vezes diabólico) e Soul, que deixou de estar perdido no tempo com esta reedição.

JP

segunda-feira, março 23, 2009

Dig We Must!

RICARDO VILLALOBOS- VASCO (Perlon, 2008)
Ao mudar- se do Chile para a Alemanha, para fugir ao regime de Pinochet, Villalobos cedo entrou na comunidade House. Estudou percussão com afinco para adicionar calor ritmado às suas produções aparentemente frias.
Vasco reúne em CD alguns temas já editados em maxi, sem as remisturas e com "Minimoonstar" a chegar aos 31 minutos, mais 18 que no vinil! É necessário muita atenção, boas colunas e tempo para mapear todas as ligeiras nuances, alterações nos padrões, linhas que desaparecem no fumo e batidas que surgem repentinamente, surpreendentes até muito tarde, quando as antevemos para o nosso gozo auditivo!
"Amazordum" e "Skinfummel", são temas de Kick poderoso, que poderão ser usadas em algumas pistas de dança :/
Em suma, mais um trabalho imaculado para o mestre do Techno que Omar- S não conhece :)

JP

quinta-feira, março 19, 2009

I Boat Captain

JOHN ZORN/ FILMWORKS XXI- BELLE DE NATURE/ THE NEW RIJKSMUSEUM (Tzadik, 2008)
Esta foi a 3ª banda sonora para Zorn em 2008, que na sua carreira já conta com mais de 50! Desta feita, dois filmes muito diferentes, que não vi. Belle De Nature é Francês e erótico, realizado por Maria Beatty. A banda sonora é feita com base em Harpa e Guitarra Eléctrica, que segundo Zorn é o meio para dar emoção terrestre ao som. Há um sentimento de pureza lírica mediaval que percorre todo o álbum, tornando- o emocionante, arrepiante e carregado de tensão sexual. Beleza e perfeição!
The New Rijksmuseum é um documentário sobre a sua renovação! Segundo o autor, o desafio desta banda sonora é capturar o sentido de algumas obras- primas do séc. XVII presentes no Rijksmuseum (Rembrands, Vermeers, casas de bonecas luxuosas...) e a arquitectura moderna do museu. Como metáfora, a Harpa seria o elemento sónico central (a arte) e a percussão, a ecoar sons de construção (o edifício), dando- lhe um sentido Barroco, que acabaria por ser uma surpresa até para o próprio Zorn!

JOHN ZORN/ FILMWORKS XX- SHOLEM ALEICHEM (Tzadik, 2008)
A música é importante em documentários e pode ajudar a amaciar transições, aumentar a tensão, adicionar drama, servir como veículo para emoções difíceis de exprimir e dar um sentido de avanço à história.
Sholem Aleichem foi um escritor obscuro que contava histórias com influência de Franz Kafka ou Edgar Allan Poe. Na óptica do realizador deste documentário a banda sonora deveria reflectir as qualidades sombrias do seu trabalho. Sendo este o motivo pelo qual Zorn aceitou o trabalho, pelo desafio de construir momentos de grande complexidade ritmica que ao ouvir soam simples e negros, criando suspense nas transições e verdadeiros calafrios.
Zorna explica os processos de criação, as dúvidas e as motivações.
Sonhamos acordados!

Há clips de som nos links.

JP

domingo, março 15, 2009

Big Thanks To...


Emissão de sábado passado na RVR, 90.2 Distrito de Aveiro, 20- 21h.

Este programa conta com um convidados especial: Rui Silva.
Acima de tudo um grande amigo e no que respeita à música o maior e melhor coleccionador de discos que conheço pessoalmente.
Maior refere- se a quantidade, não é de todo o mais relevante. Contudo, melhor já tem outro significante. Todos os discos colocados nas prateleiras da sua casa têm uma história, uma relação com algo ou alguém que pela sua originalidade, ousadia ou inteligência fez algo de verdadeiramente importante na música. Não há géneros, catálogos ou ondas, há simplesmente boa música!
Para este programa uma selecção de sonho em discos verdadeiros e temas pouco óbvios: Miles Davis, Neil Young, Pere Ubu, Charlie Patton, David Crosby e Lauren Connors.
Rui, mais uma vez muito obrigado!
Da nossa parte destaque aos Strange Boys e ao grande disco "And Girls Club"!
A playlist é dita e tentem não ligar aos primeiros 20 segundos que não fazem parte do nosso programa!

PROZAC_PODCAST_14_03_2009 (ZShare)

Rui, JP & Tozé

quinta-feira, março 12, 2009

The Piper At The Gates Of Dawn


Mais do que alteração do humor pela música, há de facto uma projecção de um estado de alma pré- existente.
Purple Pills For A Sleepless Night de Tim Sweeney, acompanha- me há várias noites, num lugar cinzento entre a euforia e a melancolia, um lugar que persigo na música ...

Esta mixtape deve aproveitar momentos de introspecção, nada de grave, uma pequena angústia de existir e o amor como cenário de fundo :)

PROZAC_MIX_30_ALONE_IN_THE_DARK (ZShare)

Playlist:
>john zorn- belle de nature [tzadik]
>robert wyatt- biko [rough trade]
>the durutti column- red square [warner]
>robert fripp & brian eno- swastika girls [dgm]
>moondog- enough about human rights [kopf]
>ana oxa- controlo totale (nassau torre di controlo edit)
>the art of noise- moments in love [ztt]
>carrie cleveland- love will set you free
>love- andmoreagain [elektra]
>andrew bird- masterswarm [bella]
>the human league- toyota city [cdv]
>actress- i can`t forgive you [werk]
>fleetwood mac- keep on going (cosmo vitelli edit)

JP

CBS Biografie

DENNIS WILSON- PACIFIC OCEAN BLUE (Legacy, 1977)
Primeiro álbum deste Wilson afastado fisicamente dos Beach Boys.
Antes de mais, um sinal de humildade: "I`m sure you understand that I`m a bit nervous about this endeavor. I want to thank you for your support and I would be very interested in any comments or suggestions you might have after listening to this album. Thank you."
Dennis foi quase forçado pela mãe a tocar bateria nos Beach Boys, pois era o único instrumento que sobrava. De surfista (o único que o fazia verdadeiramente) mulherengo que vivia rápido e partia carros a artista verdadeiro foi um longo percurso que seria praticamente impossível sem o produtor James Guercio, que reconhece: "At sound check, late at night in hotel rooms. He just blew me away with his raw talent. He was more talented than anybody gave him credit for."
Nem todo o trabalho é consistente, contudo tem muitos highlights nos 2 cd`s que fazem parte desta magnífica reedição! Caixa em cartão, desdobrável com imensa informação e estética irrepreensível :)

HERBIE HANCOCK- SEXTANT (Columbia, 1972)
Como fã incondicional de Herbie tendo a comprar muita da sua discografia tida como importante. O bom destes grandes compositores é que nos falta sempre muito :)
Sextant foi o seu último álbum com a Mwandishi Band, que apesar de demasiado criativa, teve dificuldade em vender discos na altura. Mwandishi (1971) e Crossigs (1972) são de facto incríveis e hoje perguntamo- nos como era possível a banda não dormir dias a fio, viajar numa carrinha velha, percorrendo longas distâncias com todo o sistema de som incluíndo a bateria, para receber uma ninharia... A ser possível tem de haver AMOR, é a única hipótese :)
Sextant também vendeu pouco, fazendo Herbie repensar a sua carreira. O resultado foi a separação da Mwandishi Band e mudança na sonoridade. Em 1974 surgiria Head Hunters!
Felizmente, 30 anos depois, muita gente iria achar estes trabalhos incontornáveis. O groove lento, loops enormes de baixo e solos gigantes de guitarra e clarinete, necessitam de tempo e disponibilidade.
É música de catarse e tem de ser entendida como tal.

JP*

sábado, março 07, 2009

I`m A Manchild


Programa de rádio emitido este sábado às 20h na R.V.Ria, 90.2 para quem anda pelos lados de Aveiro :)
Destaques a algumas coisas novas, que sem serem motivo para grandes considerações, achamos que vale a pena ouvir nem que seja pelo gozo que podemos tirar no imediato. Por vezes também sabe bem...
Os Tame Impala, além de dizerem que são muito bons, dizem fazer rock psicadélico hipno- groovy :/ São porreiros, não fizeram ainda nada de realmente novo mas a Modular pode dar- lhe visibilidade, como por exemplo os Wolfmother há um par de anos.
Jeremy Jay edita Slow Dance, o seu álbum de estreia, a 24 de Março. No entanto as canções apareceram no BolachasGrátis, por ex., há muito tempo. O amigo Manelix despertou- me a curiosidade e valeu a pena!
Whitest Boy Alive editaram Rules, um disco que facilmente nos mete um sorriso na cara :)
Mais Rock N`Roll crú pelos Black Lips, 200 Million Thousand é o seu novo trabalho.
Anita Blay aka The Cocknbullkid, é uma jovem Inglesa que escreve as próprias canções, On My Own Again, é um tema pop- soul enorme, enorme com os Metronomy na produção!
A playlist é dita e na gravação há 20 segundos antes do programa começar onde se ouve "ter uma namorada é fixe", não é que seja mentira, mas não se assustem. Have fun ;)

PROZAC_PODCAST_07_03_2009 (ZShare)

JP & Tozé

sexta-feira, março 06, 2009

Peace!

HUSH ARBORS- HUSH ARBORS (Ecstatic Peace!, 2008)
Hush Arbors são Keith Wood e Leon Dufficy, o primeiro já colaborou em discos dos Current 93 ou Six Organs Of Admittance. Desta vez foi Ben Chasny a fazer o solo de guitarra na incrível Follow Closely!
Embora já façam música juntos há mais de uma década e tenham várias edições em CDR, só agora se mostram devidadmente pela mão de Thurston Moore na sua editora, ajudados ainda por retirarem feedback e ruído ao seu som anteriormente experimentado e nesse aspecto Water- o tema de abertura, engana e muito. Todo o maximalismo ruidoso passa para segundo plano para se fazer ouvir ao fundo da pradaria, sabemos que lá está, latente, pode chegar a qualquer momento, cria tensão mas o que se sente são dedilhados, suspense e voz sexy a flutuar em drone! :)
No "inlay" há um lobisomen...
Love it.

JP

domingo, março 01, 2009

Kosmische

CLUSTER- CLUSTER 71 (Philips, 1971)
Banda formada por Dieter Moebius, Hans-Joachim Roedelius e Conrad Schnitzler.
Mentes exploradoras que improvisavam com o que tinham à mão. Desde sintetizadores a utensílios de culinária, tudo poderia ser útil.
Ainda hoje há quem o tente, por vezes com resultados pouco encorajadores. Haverá várias razões para isso, para mim, a principal surge no propósito: muitos fazem- no a ver se surge alguma coisa, outros têm um objectivo traçado que estará eventualmente sujeito a alguns desvios ;)
Separadamente ou em duo, Moebius e Roedelius gravaram ainda vários álbuns que vale a pena explorar, levando na viagem alguns amigos como Brian Eno, Conny Plank ou Michael Rother dos Neu!
Álbum sem beats ou riffs, necessitamos de recorrer à respiração ou frequência cardíaca para marcar o tempo em feedback, distorções de guitarra ou loops gravados em k7!
Feel the heartbeat :)

FRIPP & ENO- NO PUSSYFOOTING (EG, 1973)
Álbum gravado paralelamente a "Here Come The Warm Jets" de Brian Eno. Enquanto fazia um disco pop à sua maneira, brotava o resto do seu furor criativo com Robert Fripp!
Segundo percebi nestas gravações eram usados leitores de K7, gravados sons em loop, a estes seriam adicionados elementos audio, criando uma espessa camada sonora que virava inúmeras vezes nas cabeças de playback dos gravadores de k7, Fripp solava com feedback em cima disto:/ Ok, ficaram na mesma? Eu também ;)
Este sistema iria ser recriado Evening Star e Discreet Music de Eno.
Mais uma vez, o que se retira é a experiência de entrar noutra dimensão e ver o reflexo da nossa alma em cubos com as faces de espelhos!
Álbum, inacreditável e paixão assolapada para mim. Mais: edição incrível de cd duplo a preço de amigo na Flur, where else ? :)

Ainda,
Podcast de 28 de Fevereiro emitido na RVR (90.2 FM, distrito de Aveiro) das 20 às 21h.
Há Greg Wilson, Andrew Bird, Jim O`Rourke- Wilco- Neil Young conectados, Alps, DJ Sprikles, Archie Shepp... Como habitualmente a playlist é dita ;)

PROZAC_PODCAST_28_02_2009 (ZShare)

JP

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Rise And Set, Sunburned Hand


Mixtape situada ao nascer ou pôr do sol, à escolha :)
As pessoas não são necessariamente bonitas mas estão felizes, com sorrisos tudo parece melhor.
Há pianos, palmas, vozes, House, Chicago, Detroit e Nova Iorque..
Have a pleasant flight ;)

PROZAC_MIX_29_TELE_VISIONS (ZShare)

Playlist:
>cage & aviary- television train [dfa]
>franz ferdinand- ulysses (beyond the wizard`s sleeve rmx) [domino]
>moon unit- connections (ewan pearson dub) [supersoul]
>tommy walker- sure as [dissident]
>street corner symphony- memories of afrodite (chicken lips rmx) [street corner symphony]
>the detroit experiment- think twice (henrik schwarz rmx) [juno]
>dwight trash- i love new york [better days]
>joy flemming- the final thing [atlantic]
>jaz- tidal bump (jaz edit) [libre ambiance]
>actress- ivy may gilpin [werk]
>andrew bird- master sigh [bellacd]

JP*

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Zomby

ACTRESS- HAZYVILLE (Werk, 2008)
Disco incatalogável, composição sublime pela mão de Darren Cunningham, ele próprio dono da Werk.
São criaturas vindas dos cantos inexplorados da noite, cortes, sujidade, House de Detroit e Techno Ambiente, as alternâncias certas (só são certas depois do disco estar mapeado), groove quase R n`B ou Funky.
O que interessa é a transmissão de calma, bem estar e o prazer de viajar sóbrio, que pode tornar- se um caso sério de hype individual, construído na cabeça!
A meio lembramos Twin Peaks, levitamos e no fim voltamos a carregar no play...
Mind Blowing!

DJ SPRINKLES- MIDTOWN 120 BLUES (Mule, 2008)
Este álbum esconde uma tremenda densidade psicológica, conflitos e frustrações.
Vou transcrever parte da letra de Midtown 120 Intro, que poderá dar uma pequena ideia :/
"House isn`t so much a sound is a situation...The House Nation likes to pretend clubs are an oasis from suffering, but suffering is in here with us... the majority of music at every club was major label vocal shit... The contexts from which Deep House sound emerged are forgotten: sexual and gender crisis, transgendered sex work, black market hormones, drug and alcohol addiction, loneliness, racism, HIV, ACT- UP, police brutality, underpayment, unemployment and censorship- all at 120 BPM.
These are the Midtown 120 Blues."
Demasiados conceitos, muitos fora do meu alcance num post de blog :/
No entanto devemos estar atentos aos significados, claramente a identidade de género perturba a/o Terre Thaemlitz, ou seja, a forma como uma pessoa se sente em relação à sua genética, que é a face exterior que os outros vêem e que nada tem a ver com a orientação sexual. Os "transgender" podem identificar- se como heterosexuais, homosexuais, bisexuais, polisexuais ou asexuais. Na prática redutora tudo isto poderá ser erroneamente confundido, surgindo daí graves preconceitos.
Este disco retrata as várias faces que se escondem na noite, nem sempre a noite de evasão, bonita e alegre. Por isso podemos escolher a capa que queremos para o nosso disco!
Madonna Free Zone lembra- me Welcome Aboard de Mother (F), tema tão inacreditável como caro :( Ouvi- o vezes sem conta cortesia Major Eléctrico!
É pena por vezes não pararmos para pensar, ouvimos o que nos dão, vindo sabe- se lá de onde, muitas vezes sem história ou afecto, é isso que queremos?
Arrasador.

JP

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Dreamers

Pop brilhante. Luz em 2009!

ANIMAL COLLECTIVE- MERRIWEATHER POST PAVILION (Domino, 2009)
Conter impulsos. Ouvir clips de som em loop, como soam ao picar? Comprar o disco, esperar que chegue, olhar para a envolvente: caixa de cartão cuidada, efeito vsual tridimensional (impossível de perceber nas fotos), folhas, grãos de trigo, verde? Roxo?. Abrimos cuidadosamente a caixa, há outra no interior com efeito lisérgico multicolor, alguém nada, admiramos, tentamos perceber se a imagem tem algum significante, arranjamos o nosso significado e pomos o álbum a tocar, saboreamos sem pressa.
Todo o mistério e apelo da caixa é desvendado com algumas audições. Canções pop, procurando novas formas de a fazer, mantendo o fio que nos põe alegres e a cantarolar temas sucessivos, assim belos até ao fim!
Não é que seja mais fácil ou difícil que os outros, é uma banda em renovação, na sua identidade à procura de mutações e da canção perfeita.
Quando relembrarmos esta década os AC vão estar entre os grandes, ou mesmo no grupo dos gigantes.
Tão essencial como perfeito!

ANDREW BIRD- NOBLE BEAST/ USELESS CREATURES (Fat Possum, 2009)
Bird parece ser um homem simples, vive numa quinta, cria animais e faz música para lavar almas.
Ouvem- se palmas, tambores, guitarra acústica, arranjos de violino e electrónica. O assobio marca transições que arrepiam na espinha, a voz é calorosa e o humor negro...
Há pessoas que conseguem transformar temas/ assuntos complexos em coisas aparentemente simples, embora saibamos sempre que a pessoa sabe tudo muito profundamente, essa clareza é apenas a sua forma (inteligente) de estar no mundo. Andrew Bird é uma dessas pessoas.
Useless Creatures são mais 51 minutos de sonho. Temas instrumentais, livres, carregados de surpresas e altamente sensuais, abordando várias linguagens folk, drone ou jazz.
Isto é música vinda dos céus para nos iluminar, revigorar e mostrar que a vida pode ser simples e bela! Assim grande!

JP*

sábado, fevereiro 14, 2009

Belle De Nature


> Novamente Pedro Lourenço a tinta e papel, sempre fantástico!

"Malucos são os outros"

PROZAC_MIX_28_A_SECRET_LIFE (ZShare)

Playlist:
>brian eno/david byrne- regiment [e.g]
>edip akbayram- darildim darildim- lovefingers
>gala drop- ubongo [gala drop]
>slight delay- dirty fingers [rong]
>dennis wilson- dreamer [legacy]
>ginno soccio- so lonely [rfc]
>the alps- cloud one [type]
>hush arbors- follow closely [ecstatic peace]
>karl hector + the malcouns- followed path [stones throw]
>elmore judd- groove killer [honest jon`s]
>dj sprinkles- brenda`s $ 20 dilemma [mule]
>john zorn- l`air & les songes [tzadik]
>john zorn- shalom sholem [tzadik]
>the alps- a manhã na praia [type]
>helios- hope valley hill [type]

JP

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Meeting

John Xela e Stefan Lewandowski conheceram- se numa loja de discos, partilharam conceitos, ideias e ideais. Passaram música juntos. Sedimentaram tudo. Criaram a Type.

THE ALPS- III (Type, 2008)
Estamos no deserto, estão 48ºC, corre um brisa escaldante, não temos água e a desidratação atinge proporções perigosas... começamos a alucinar. Alucinações visuais- um oásis belo, cheio de palmeiras e água corrente, fresca... vemos, estamos a tomar banho, nadamos nús e das palmeiras saem belas princesas que se juntam no lago, nadam em círculos à nossa volta riem, não nos tocam, tampouco conseguimos tocar- lhes, rimos também... somos felizes e aquele é o lugar onde queremos viver.
Álbum absolutamente magistral, inacreditávelmente belo. Construído apartir de guitarra e piano. "A Manhã Na Praia" é um título delicioso...
Drone e psicadelia, arrumam a prateleira, mas apenas isso.

HELIOS- CAESURA (Type, 2008)
Aqui a exploração é feita à volta de sonoridades electrónicas, ambientes, paisagens e aeroportos. Por cima correm melodias e arranjos acústicos.
Na capa olhamos de uma janela, vemos gelo e rochas. À esquerda há uma figura, será um homem? Um monstro? Apenas uma ilusão? Ao fundo há uma casa, vê- se fumo. Imaginamos o conforto que deve estar perto daquela lareira. Somos abraçados pelo ambiente acolhedor e confortável.
Esta música torna- nos viajantes de quarto, sonhadores e com sorte, mais criativos...
Perfeição!

JP*

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

5th Dimension

MILES DAVIS- A TRIBUTE TO JACK JOHNSON (Columbia/Legacy, 1970)
Miles Davis pertence ao pequeno grupo de músicos aos quais podemos apelidar de génios.
Jack Johnson foi o primeiro campeão Afro- Americano da categoria pesos- pesados.
Como fã e praticante de boxe, Davis sabe perfeitamente que o boxe se joga com os pés. A pancada é importante, mas esta não é nada se não existirem pés hábeis, que permitam ainda uma boa rotação das cinturas (pélvica e escapular) para todo o peso do corpo ser sentido e projectado no breve e devastador murro.
Ao ouvir este álbum sentimos os pés a mover naturalmente. Davis ensina a jogar boxe apenas com recurso ao aparelho auditivo, toda a energia da música é descarregada nos pés- e que leves, que bem que mexem...
Miles Davis já tinha traçado o caminho do Jazz- Rock em "In A Silent Way" e "Bitches Brew", contudo aqui é o Rock que predomina em duas peças com mais de 25 minutos cada!
Veja- se ainda o alinhamento: Miles Davis- Trompete; Steve Grossman- Saxofone Soprano; Herbie Hancock- Orgão; John McLaughlin- Guitarra Eléctrica; Michael Henderson- Baixo Eléctrico; Billy Cobham- Bateria.
Incrível!

ALBERT AYLER- MUSIC IS THE HEALING FORCE OF THE UNIVERSE (Impulse, 1969)
A caixa é um caso à parte :)
"Music Is The Healing Force", além de verdade absoluta é construído apartir da secção rítmica: Bobby Few no Piano; Stafford James e James Folwell no Baixo e Muhammad Ali na Bateria. Mary Parks- namorada de Ayler, canta! Canta com emoção (leia- se vibração) que acompanha o inconfundível vibrato de Ayler, que não é fácil, mas sabe bem...
"Drudgery" é o tema Blues- Assombroso que fecha alegremente este disco.
Infelizmente, um ano depois Ayler teria um final trágico...

Obrigado Rui! De outra forma não compraria estes discos...

JP

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Too High

ARCHIE SHEPP- ATTICA BLUES (Impulse, 1972)
Em 1971 foi fechada a prisão de Attica, após massacre a 43 prisioneiros. Actualmente a história repete- se, politica e socialmente.
Do ponto de vista musical, como forma de protesto, expressão ou apenas opinião- Shepp fez um álbum de Blues, Swing, Soul e Funk com toque Jazz refinado e subtil com Soprano nasalado, que se torna característico com múltiplas audições.
Podemos obter pontos de ligação com Isaac Hayes, Stevie Wonder, Gil Scott Heron ou Shuggie Ottis... Acima de tudo gente com valores bem estruturados, pensadores criticos, sem medo de pressões ou retaliações. Pensavam, não fugiam.

STEVIE WONDER- INNERVISIONS (Motown, 1973)
Dinamismos à parte. A capa. Stevie Wonder aparece numa aparente janela, com visão cónica, para o céu, sobre montanhas e florestas. Como cego Wonder, vira- se para dentro apurando a crítica e consciência políticas, com abordagem espiritual.
Dos álbuns de Stevie Wonder que ouvi com atenção até à data, este é globalmente o mais coerente e consistente, onde o groove funk, jams e melodia encontram o equilíbrio perfeito.
Na abertura "Too High" é um verdadeiro épico e "Hey Misstra Know- It- All" é para Tricky Dick, aka Richard Milhouse Nixon, fazendo títulos de jornais, pelas razões que podemos rever em Frost- Nixon.
Genial.

JP