domingo, dezembro 20, 2009

Lush

STEVE REICH- MUSIC FOR 18 MUSICIANS (ECM, 1974- 76)
Obra seminal. Pura catarse.
Esta peça foi escrita para um violoncelo, um violino, dois clarinestes, quatro pianos, três marimbas, dois xilofones, um metalofone e quatro vozes femininas. Ainda assim, avisa Reich, não é aconselhável tocá- la com tão poucos músicos devido às múltiplas e complexas dobragens!
Imagine- se ciclos de onze acordes, cada acorde rodeado de um pedaço de música ou sons adicionados, voltando ao início no fim da peça. Ou seja, uma padrão complexo e único a cada "pulso", assim como um imprinting genético.
Foi usada respiração humana nas vozes e nos sopros, aguentando a nota até ao limite das capacidades, enquanto a descontrução melódica vai acontecendo.
O resultado final é deliciosamente simples e belo! :)

JON HASSELL- LAST NIGHT THE MOON CAME DROPPING ITS CLOTHES IN THE STREET (ECM, 2009)
Talvez seja necessário ouvir Black Sattin de Miles Davis para entrar neste quarto mundo, onde a música étnica, tribal, jazz e electrónica se fundem.
Deixando de parte as colaborações, nomeadamente o incontornável "fourth world vol 1: possible musics" com Brian Eno. Hassell é ele próprio essencial para quem quer navegar pela música indefinida, David Sylvian e Fennesz que o digam.
É impossível identificar onde acaba a improvisação, onde começa o sample ou o meio do acorde; a simbiose é total e o ambiente é refinado até à perfeição. Para isso contribuem músicos de excelência: Peter Freeman no baixo, Kheir Eddine M'Kacich no violino, Jan Bang em alguns samples e Eivind Aarset na guitarra, Hassell conecta tudo não desligando o trompete.
Demasiado importante!

JP*

sábado, novembro 21, 2009

Discreet Music

Nesta mixtape estão alguns dos meus discos favoritos. Uns para 2009, muitos para sempre.
Jon Hassell já esteve e Moritz Von Oswald estará em Portugal com 2 datas, uma delas em Coimbra! Maria Matos sempre em grande...



PROZAC_MIX_JARMUSCH (ZShare)

> i am the cosmos- final form
> jon hassel- northline
> moritz von oswald trio- pattern 3
> blues control- tangier
> fuck buttons- lisbon maru
> fennesz- a year in a minute
> alps- hallucinations
> steve tibbets- mission
> sun ra- sleeping beauty

JP*

sábado, novembro 14, 2009

Suttree

Nova mixtape com algumas músicas que "blow my mind"...

Aqui tributo a Jerry Fuchs e Marcus Worgull num dos meus "sets" favoritos!



PROZAC_MIX_SLEEPING_BEAUTY (ZShare)

> stars and bars- stars n` bars
> amanda lear- new york
> larry paul emmet- evita
> dave samuels- new math
> villa- tina
> big ben tribe- tarzan loves the summer nights
> the chequers- theme one
> chaz jankel- whisper
> stevie wonder- master blaster
> salma agha- come closer
> runa laila- suno suno
> the neville brothers- fly like an eagle
> pierre lx- gabita

JP*

terça-feira, novembro 10, 2009

Family

Aqui ficam dois textos magistrais escritos pela mão do amigo Rui Silva, originalmente publicados em MACA magazine

Loren Connors & Jim O’Rourke- “Two Nice Catholic Boys” (2009/ Nova Iorque, EUA / Family Vineyard)
Loren Connors é um dos mais talentosos e prestigiados guitarristas do avant blues nova-iorquino. Obsessivamente, ao longo de 30 anos repletos de edições, tem vindo a apurar o seu interesse no blues do Mississipi, desenvolvendo uma visão singular e vanguardista assente nas raízes profundas da música tradicional americana. Não menos talentoso, Jim O’Rourke tem percorrido o caminho inverso, optando por não mergulhar a sua visão em estilos nem em tendências, acabando por criar um catálogo coerente, mas que se apoia em fontes absurdamente díspares.
Em 1997, já O’Rourke tinha reeditado na sua Dexter’s Cigar o maravilhoso “In Pittsburg” de Connors, quando juntos percorreram algumas salas europeias para um conjunto de concertos dos quais seleccionou estes 47 surpreendentes minutos de improvisação.
Nas peças expostas nesta edição da Family Vineyard, os dois guitarristas apresentam luxuosas improvisações, vagueando entre uma panóplia de estados, do dedilhar cru e ruidoso de Connors à leveza e harmonia da guitarra de O’Rourke. Em “Maybe Paris”, o primeiro e mais longo tema dos três, os dois guitarristas incendeiam a sala com distorção, até que, espontaneamente, ao fim de cinco minutos, O’Rourke rompe com um desarmante e melódico riff, que acompanha o som “patenteado” de Connors. É notável como O’Rourke tem a capacidade de se adaptar ao universo dos músicos com quem colabora.
Independentemente das direcções seguidas por Connors e O’Rouke após estes registos, sublinhe-se que em “Two Nice Catholic Boys” as guitarras de ambos fluem excepcionalmente na mesma corrente. Não é acaso que, por estes anos, John Fahey os referenciou como os guitarristas mais influentes na sua fase eléctrica.

Magik Markers- “Balf Quarry” (2009/ Chicago, EUA / Drag City)
Podemos traçar o percurso dos Magik Markers em dois capítulos – antes e depois da saída da baixista Leah Quimbyv em Maio de 2006. Não se sabe até que ponto terá sido influente, mas, desde a sua saída, o som tenso e improvisado que marcou as primeiras gravações deu lugar a um som, não menos energético, porém mais estruturado e melódico.
Depois de “Boss”, o excelente trabalho de 2007 produzido por Lee Ranaldo e editado pela Ecstatic Peace de Thurston Moore, chega-nos “Balf Quarry” pela Drag City. Tal como qualquer outro disco dos Magik Markers, não é um disco imediato. O seu espírito rebelde e livre encarna o formato de canção tradicional com resultados muito interessantes. As analogias com o trabalho anterior são evidentes, no entanto, em “Balf Quarry”, Elisa Ambrogio e Pete Nolan estão mais focados numa estética rock americano dos anos 80. Há discos que são mesmo assim, provocam uma ansiedade por descobrir e revisitar o passado. Em “Jerks” a influência dos padrinhos Sonic Youth é óbvia e dificilmente refutável. Contudo, os Magik Markers são felizmente mais extremistas, alternando surpreendentemente entre a ferocidade “The Lighter Side Of… Hippies” e o brilho de “Ohio R./ Live/ Hoosier”, a mais espantosa canção rock que se ouviu este ano.
Em 2005, Ambrogio confessava à publicação britânica The Wire a propósito da recente digressão com os Sonic Youth “Eu gosto de tocar com bandas que nos obrigam a ir mais longe. Grande parte da música é apenas uma revisitação do passado. Eu quero concentrar-me na música que fazemos e na nossa própria linguagem. Para mim, esta é a única possibilidade de qualquer nova música poder existir”. A caminhar neste sentido os Magik Markers não estão longe de marcarem uma geração de rock americano.

Rui Marques da Silva

domingo, novembro 08, 2009

Laser- Guided Beats

FUCK BUTTONS- TAROT SPORT (ATP, 2009)
Andrew Weatherall tranporta os Buttons para um novo nível de precisão, desde a primeira faixa apanhamos a trajetória eufórica, circular e emocionante. O sentido melódico não é esquecido, captando os nossos ouvidos para dentro do som. Não é música que se deixe estar, nós é que estamos nela como parte activa de um processo dinâmico. O drone e "noise" são em parte substituídos por tensão melódica, lembrando, não raras vezes, os maravilhosos Boredoms. Hipnótico e reluzente: Vision, Creation, Newsun!

ATLAS SOUND- LOGOS (4AD, 2009)
Não consigo, duvido de quem o tenta. Adivinhar ou tentar transmitir o que alguém que está constantemente em morte conscientemente iminente poderá sentir. Não fazemos mais que projectar o que achamos que sentiríamos naquela situação. Sentir é importanante. Mas fazer torna- o real.
Brad Cox tornou público a sua condição clínica, expõe- a. É sobrehumano o seu poder criativo. Entre Deerhunter e Atlas Sound, material oficial e não oficial, mp3, blogues... grandes canções, lembrando- nos que os estados de espírito são transitórios e que a mesma ideia pode ser transmitida de diversas formas, incluindo negrume com envolvimento sonoro luminoso. Chamamos isto de arte! Não interpreto :)
Maravilhoso!

JP*

quinta-feira, outubro 08, 2009

Connections

Peço desculpa pela ausência de posts nos últimos meses. Motivos pessoais, principalmente laborais estão na génese desta pausa forçada.
Para mim é um prazer poder partilhar música.
Ofereço mais uma mixtape, antes de escrever sobre alguns álbuns... e são tantos...



















PROZAC_MIX_HOLDING_BACK_MY_LOVE (ZShare)

Playlist:
> tensnake- holding back my love
> slight delay- can you feel it?
> still going- untitled love
> a mountain of one- bones (t. bullock rmx)
> tough alliance- a new chance (mungolian jet set rmx)
> nacho patol- africaspaceprogram
> don cherry- kamapa chenno
> miles davis- black satin
> vicky anderson- you`re welcome, stop on by
> beatles- glass onion
> velvet underground- the gift

JP*

domingo, junho 21, 2009

Road To The Blues

ORCHESTRE POLY- RYTHMO DE COTONOU- THE VODOUN EFFECT, FUNK & SATO FROM BENIN`S OBSCURE LABELS (Analog Africa, 1972- 1975)
Há quem diga que são o melhor segredo do oeste Africano. Durante várias viagens a
Benin, Samy Ben Redjeb recolheu mais de 500 músicas, situadas temporalmente entre 1970- 1983. Após várias audições e de critérios algo rígidos, que incluiam a qualidade de som à cabeça, foi seleccionado material para 2 volumes. Sendo esta a 1ª etapa.
Perceber o contexto não é essencial para gostar da música, mas ajuda. Cotonou é a sede de governo, e os Portugueses andaram lá a capturar pessoas para vender ao Brasil. A França entra no séc. XIX, invade o país, tenta abolir o comércio de escravos, até o país se tornar protetorado Francês. Politicamente o caos nunca cessou... :( Vodoun é uma religião que presta devoção a mais de 250 divindades, os rituais são acompanhados de música complexa, ou seja, poli- rítmica! A base é o Sato, que está para o afro beat como o Jack stá para a House, i.e o esqueleto da música, drum directa e seca (ouvir Major Eléctrico na rádio O2). O Sakpata protege as crianças da varicela e são efeitos de guitarra...
"Não negues à partida uma ciência que desconheces" ;)

JP

domingo, junho 07, 2009

Before And After Science

Peço desculpa pela irregularidade, mas (in)felizmente há alturas em que nos temos de agarrar com tudo às oportunidades. Ambição ou adaptação às expectativas que criaram sobre nós. No entanto faz sentido quando se obtém resultados, contribuindo para algo maior.

Music
...

PINK FLOYD- MEDDLE (Capitol, 1971)
Na aproximação pastoral guiada por Roger Waters, esta é uma pedra fulcral. Sem devaneios orquestrais "Meddle" é quase pop. Texturas e pormenores, calma ondulante até que refastelados no sofá chegamos a St. Tropez, lá o sol brilha e queima, as raparigas são excessivamente bonitas. Não faz sentido ficar ali para sempre. Esses lugares de encontro e paz só existem quando a maior parte do tempo é passado em caminhos acidentados...

RAY BARRETTO- ACID (Fania, 1967)
O homem que colocou as congas no centro do Jazz latino, criando tensão e espírito de viagem num estilo que por vezes é demasiado directo para quem gosta de ter a cabeça fora daqui.
"Acid" tem temas instrumentais de salsa psicadélica, mas nos temas cantados com alma e suor latinos as temperaturas podem tornar- se perigosas :)

JP

domingo, maio 10, 2009

Maggot Brain

STEELY DAN- AJA (MCA, 1977)
Walter Becker e Donald Fagen nunca foram verdadeiros "rockers". É verdade, mais uma confirmação que as aparências iludem, basta olhar para as fotos dentro do magistral "Countdown To Ecstasy" :) As influências jazz, pop, blues e soul definem a estrutura Steely Dan, criando um som distinto, harmonioso e complexo. Há grande ênfase no trabalho de estúdio e aqui Gary Katz é mestre!
Desta feita escolhi "Aja" pela proximidade sensual de "The Nightfly".
Fagen é obcecado pelo detalhe sonoro, todos os instrumentos têm uma definição perfeita com envolvência magistral. Neste caso há uma aproximação ao Jazz- Disco mais refinado onde não escapa a guitarra de Lee Ritenour.
Tudo é perfeito de início ao fim.
Obrigado Pedro pela recomendação, eternamente grato ;)

Ainda,

PROZAC_PODCAST_09_05_2009 (ZShare)

> A playlist é dita. Ignorem os primeiros 30 seg. pf :)

JP

terça-feira, maio 05, 2009

Making Love Without Sound

Uma pausa.
Dois discos maravilhosos. Sem relação causal.

DONALD FAGEN- THE NIGHTFLY (Warner, 1982)
Álbum quente, alegre e subtil cruzando com mestria Jazz e Pop.
Várias audições e percebemos a inquietação precipitada de Billy Bob Thornton em "The Man Who Wasn`t There", a elevada expectativa relativa a uma vida que jamais se terá e o desespero da realidade. Tudo isso com humor sarcástico, como no fundo fique apenas a alegre indiferença.
A produção de Gary Katz adiciona estilo, a decadência com estilo que tanto gosto.
Obviamente isto percebe- se ouvindo, embora as palavras do autor sejam quase música: "The songs on this album represent certain fantasies that might have been entertained by a young man growing up in reote suburbs of a northeastern city during the late fifties and early sixties, i.e, one of my general height, weight and build."
Watch and listen, please!!

WHITE NOISE- ELECTRIC STORM (Island, 1969)
O projecto White Noise tem origem nos Workshops Radiofónicos da BBC. Os workshops tinham como principal função criar efeitos futuristas para os programas de radio e televisão.
Os samples aqui usados são familiares a quem conhece a banda sonora de Forbidden Planet ou Doctor Who. Tudo isto sem recurso a sintetizadores! Só cassetes!
Não raramente as belas canções dissolvem- se em ruído, vozes fantasmagóricas, orgamos em orgia ou bleeps.
Assustadoramente perfeito.

JP*

sábado, abril 18, 2009

Body Language


Nova mixtape.
Todos os temas aqui presentes fazem parte de algo maior. Álbuns que me tocam verdadeiramente!

PROZAC_MIX_31_SKIP_SPENCE (ZShare)

Playlist:
>alexander spence- diana [sundaed]
>isaac hayes- that loving feeling [stax]
>funkadelic- p.e.squad/doodoo chasers [snap]
>david crosby- cowboy movie [atlantic]
>the meters- just kissed my baby [rhino]
>ramases- life child [vertigo]
>nathan davis- stick buddy [soul jazz]
>quantum jump- lone ranger [voiceprint]
>bill withers- lovely night for dancing [legacy]
>shades of brown- garbage man [dusty groove]
>dr. john- right place, wrong time [atco]
>grateful dead- box of rain [warner]
>moody- anotha black sunday [kdj]

JP*

Lovely Day

BILL WITHERS- MENAGERIE (Legacy, 1977)
Ser romântico, sonhador e gracioso sem se tornar dramático ou teatral, é algo bastante difícil de alcançar. Bill Withers fê- lo várias vezes, em baladas assumidas ou temas incrívelmente groovy de Jazz e Rhythm & Blues. Note- se que Withers nem é gajo de dançar "...I don`t even dance. I`m a guy who sits on a stool, strums a little guitar and tries to sing a tune...", mas quando fez "Lovely Night For Dancing" sabia perfeitamente onde chegar "...like all human beings, I earn for acceptance. In seeking acceptance and, at the same time, trying to protect my sense of self...".
Spread the love!

JP*

terça-feira, abril 14, 2009

Miles Of Ways

MILES DAVIS- IN A SILENT WAY (Columbia, 1969)
Miles Davis inspiradíssimo no Trompete junta- se a Wayne Shorter no Saxofone Soprano, Chick Corea e Herbie Hancock no Piano Eléctrico, Joe Zawinul no orgão, John McLaughlin na Guitarra Eléctrica, Dave Holland no baixo e Tony Williams na bateria. Daí nasce um ambiente calmo, em camadas de fumo eléctrico com pormenores arrepiantes na guitarra de McLaughlin, depois atentamente ouvimos todos os mestres a darem om seu contributo, nenhum quer ser estrela. Estão ali para contribuir na criação de um prazer etéreo, longe do próprio espaço e tempo.
Podemos perceber isso com relativa facilidade. Podemos não querer saber.

JP

sexta-feira, abril 10, 2009

Record Store Day

DR. JOHN- GRIS GRIS (ATCO, 1968)
Dr. John apareceu em colectânceas de Funk, embora o seu universo siga coordenadas diversas. Harvey utilizou um tema recentemente em BIS- respeito!
Embora só conhecido durante a década de 70, Dr. John já se movimentava na música desde 1950, ainda conhecido como Mac Rebennack. Fundia R&B de New Orleans, rock e Mardi Gras, criando um estilo denominado de música "voodoo"! Aproveitando o "voodoo" e a alcunha "the night tripper" fez de Gris Gris o seu disco mais visionário. Vozes soul, misticismo, clarinete, saxofone, flauta e alma muita alma.
They came at night...

JP

quarta-feira, abril 08, 2009

The Man Who Loved Too Much

Tanta música que se torna essencial depois de ouvida... Há alguns anos, uma ninharia quando comparado com a evolução do ser humano como espécie, foi feita música que parece reduzir a pó muito do que se produz hoje em série... Pena o tempo não abundar para escrever sobre ela...

ALEXANDER SPENCE- OAR (Sundazed, 1969)
Spence foi o primeiro baterista dos Jefferson Airplane, até então sempre havia sido guitarrista. Não terá gostado da experiência e mudou- se para os Moby Grape, onde foi preponderante no seu primeiro álbum. Entretando, segundo os registos, os ácidos seriam em excesso e Spence teria um surto psicótico acompanhado de comportamentos bizarros- como aparecer num estúdio com um machado em chamas... Foi institucionalizado em hospital psiquiátrico durante seis meses. Quando saiu, conseguiu que a Columbia Records lhe emprestasse 1000 dólares para gravar um disco. Spence terá gravado 28 temas em 6 dias no estúdio. Entre 3 e 12 de Dezembro de 1969 ele cantou, tocou baixo, bateria, todas as guitarras e produziu o álbum com a ajuda do engenheiro de som Mike Figlio. O trabalho definitivo: uma obra- prima!
Verdade.

DAVID CROSBY- IF I COULD ONLY REMEMBER MY NAME... (Atlantic, 1971)
Fundador dos The Byrds e dos Crosby, Stills & Nash foi um dos principais impulsionadores da sonoridade folk- rock acústica e harmoniosa. Um génio criativo que infelizmente se iria afundar em drogas à medida que a década de 70 avançava.
Antes disso, ainda bem para a história da música, fez "If I Could Only Remember My Name... David Crosby", um sonho baforado a cores do arco- íris com bom humor que supomos só ser possível ao sol da Califórnia.
Profundamente marcante.

JP

terça-feira, março 31, 2009

A 1972 Gran Torino

ISAAC HAYES- HOT BUTTERED SOUL (Stax, 1969)
Álbum de 4 temas, quebrando todas a normas que até então definiam a "Soul", os instrumentais são extendidos de forma a amaciar a nossa alma, a única forma de percebermos um estado de espírito denominado de enamoramento, em que há uma redução do estado de consciência e todo o nosso mundo gira em torno do objecto querido. Hayes descreve tudo isso de forma magistral e em muitos casos não precisa de cantar para o fazer!
Por vezes sentimos torrentes de prazer em extâse contido que a voz de Hayes provoca. Não é meloso, sentimental, alegra ou triste. É perfeito.

BOOKER T. & THE M.G.s- GREEN ONIONS (Atlantic, 1962)
Entre originais e versões de Ray Charles a Ben Tucker, passando pelo "Twist And Shout" de Phil Medley & Bert Russell. Este é um dos melhores discos instrumentais que ouvi até à data!
Booket T. cedo se evidenciou. Já no seu liceu em Memphis, Tenn. tocava baixo trocando posteriormente para orgão. Destacando- se dos demais, trabalhou como músico convidado da Stax. Daí até a este disco de estreia foi um relâmpago. O prazer é todo nosso!

SHADES OF BROWN- S.O.B (Cadet, 1970)
Na década de 70 a "Cadet" teve em bandas como os Dells, Rotary Connection e Ramsey Lewis tiros certeiros para o sucesso.
Os S.O.B eram de Chicago e tinham 4 vocalistas: Bill Brown, Christopher Allen, Charles Scott IV e Earle Roberts. Começaram por se chamar Fortrells, mudando posterirormente para Mentors, numa curta estadia de 2 singles na ABC Records. Depois sim, Shades of Brown e um gigante álbum de Funk (por vezes diabólico) e Soul, que deixou de estar perdido no tempo com esta reedição.

JP

segunda-feira, março 23, 2009

Dig We Must!

RICARDO VILLALOBOS- VASCO (Perlon, 2008)
Ao mudar- se do Chile para a Alemanha, para fugir ao regime de Pinochet, Villalobos cedo entrou na comunidade House. Estudou percussão com afinco para adicionar calor ritmado às suas produções aparentemente frias.
Vasco reúne em CD alguns temas já editados em maxi, sem as remisturas e com "Minimoonstar" a chegar aos 31 minutos, mais 18 que no vinil! É necessário muita atenção, boas colunas e tempo para mapear todas as ligeiras nuances, alterações nos padrões, linhas que desaparecem no fumo e batidas que surgem repentinamente, surpreendentes até muito tarde, quando as antevemos para o nosso gozo auditivo!
"Amazordum" e "Skinfummel", são temas de Kick poderoso, que poderão ser usadas em algumas pistas de dança :/
Em suma, mais um trabalho imaculado para o mestre do Techno que Omar- S não conhece :)

JP

quinta-feira, março 19, 2009

I Boat Captain

JOHN ZORN/ FILMWORKS XXI- BELLE DE NATURE/ THE NEW RIJKSMUSEUM (Tzadik, 2008)
Esta foi a 3ª banda sonora para Zorn em 2008, que na sua carreira já conta com mais de 50! Desta feita, dois filmes muito diferentes, que não vi. Belle De Nature é Francês e erótico, realizado por Maria Beatty. A banda sonora é feita com base em Harpa e Guitarra Eléctrica, que segundo Zorn é o meio para dar emoção terrestre ao som. Há um sentimento de pureza lírica mediaval que percorre todo o álbum, tornando- o emocionante, arrepiante e carregado de tensão sexual. Beleza e perfeição!
The New Rijksmuseum é um documentário sobre a sua renovação! Segundo o autor, o desafio desta banda sonora é capturar o sentido de algumas obras- primas do séc. XVII presentes no Rijksmuseum (Rembrands, Vermeers, casas de bonecas luxuosas...) e a arquitectura moderna do museu. Como metáfora, a Harpa seria o elemento sónico central (a arte) e a percussão, a ecoar sons de construção (o edifício), dando- lhe um sentido Barroco, que acabaria por ser uma surpresa até para o próprio Zorn!

JOHN ZORN/ FILMWORKS XX- SHOLEM ALEICHEM (Tzadik, 2008)
A música é importante em documentários e pode ajudar a amaciar transições, aumentar a tensão, adicionar drama, servir como veículo para emoções difíceis de exprimir e dar um sentido de avanço à história.
Sholem Aleichem foi um escritor obscuro que contava histórias com influência de Franz Kafka ou Edgar Allan Poe. Na óptica do realizador deste documentário a banda sonora deveria reflectir as qualidades sombrias do seu trabalho. Sendo este o motivo pelo qual Zorn aceitou o trabalho, pelo desafio de construir momentos de grande complexidade ritmica que ao ouvir soam simples e negros, criando suspense nas transições e verdadeiros calafrios.
Zorna explica os processos de criação, as dúvidas e as motivações.
Sonhamos acordados!

Há clips de som nos links.

JP

domingo, março 15, 2009

Big Thanks To...


Emissão de sábado passado na RVR, 90.2 Distrito de Aveiro, 20- 21h.

Este programa conta com um convidados especial: Rui Silva.
Acima de tudo um grande amigo e no que respeita à música o maior e melhor coleccionador de discos que conheço pessoalmente.
Maior refere- se a quantidade, não é de todo o mais relevante. Contudo, melhor já tem outro significante. Todos os discos colocados nas prateleiras da sua casa têm uma história, uma relação com algo ou alguém que pela sua originalidade, ousadia ou inteligência fez algo de verdadeiramente importante na música. Não há géneros, catálogos ou ondas, há simplesmente boa música!
Para este programa uma selecção de sonho em discos verdadeiros e temas pouco óbvios: Miles Davis, Neil Young, Pere Ubu, Charlie Patton, David Crosby e Lauren Connors.
Rui, mais uma vez muito obrigado!
Da nossa parte destaque aos Strange Boys e ao grande disco "And Girls Club"!
A playlist é dita e tentem não ligar aos primeiros 20 segundos que não fazem parte do nosso programa!

PROZAC_PODCAST_14_03_2009 (ZShare)

Rui, JP & Tozé

quinta-feira, março 12, 2009

The Piper At The Gates Of Dawn


Mais do que alteração do humor pela música, há de facto uma projecção de um estado de alma pré- existente.
Purple Pills For A Sleepless Night de Tim Sweeney, acompanha- me há várias noites, num lugar cinzento entre a euforia e a melancolia, um lugar que persigo na música ...

Esta mixtape deve aproveitar momentos de introspecção, nada de grave, uma pequena angústia de existir e o amor como cenário de fundo :)

PROZAC_MIX_30_ALONE_IN_THE_DARK (ZShare)

Playlist:
>john zorn- belle de nature [tzadik]
>robert wyatt- biko [rough trade]
>the durutti column- red square [warner]
>robert fripp & brian eno- swastika girls [dgm]
>moondog- enough about human rights [kopf]
>ana oxa- controlo totale (nassau torre di controlo edit)
>the art of noise- moments in love [ztt]
>carrie cleveland- love will set you free
>love- andmoreagain [elektra]
>andrew bird- masterswarm [bella]
>the human league- toyota city [cdv]
>actress- i can`t forgive you [werk]
>fleetwood mac- keep on going (cosmo vitelli edit)

JP

CBS Biografie

DENNIS WILSON- PACIFIC OCEAN BLUE (Legacy, 1977)
Primeiro álbum deste Wilson afastado fisicamente dos Beach Boys.
Antes de mais, um sinal de humildade: "I`m sure you understand that I`m a bit nervous about this endeavor. I want to thank you for your support and I would be very interested in any comments or suggestions you might have after listening to this album. Thank you."
Dennis foi quase forçado pela mãe a tocar bateria nos Beach Boys, pois era o único instrumento que sobrava. De surfista (o único que o fazia verdadeiramente) mulherengo que vivia rápido e partia carros a artista verdadeiro foi um longo percurso que seria praticamente impossível sem o produtor James Guercio, que reconhece: "At sound check, late at night in hotel rooms. He just blew me away with his raw talent. He was more talented than anybody gave him credit for."
Nem todo o trabalho é consistente, contudo tem muitos highlights nos 2 cd`s que fazem parte desta magnífica reedição! Caixa em cartão, desdobrável com imensa informação e estética irrepreensível :)

HERBIE HANCOCK- SEXTANT (Columbia, 1972)
Como fã incondicional de Herbie tendo a comprar muita da sua discografia tida como importante. O bom destes grandes compositores é que nos falta sempre muito :)
Sextant foi o seu último álbum com a Mwandishi Band, que apesar de demasiado criativa, teve dificuldade em vender discos na altura. Mwandishi (1971) e Crossigs (1972) são de facto incríveis e hoje perguntamo- nos como era possível a banda não dormir dias a fio, viajar numa carrinha velha, percorrendo longas distâncias com todo o sistema de som incluíndo a bateria, para receber uma ninharia... A ser possível tem de haver AMOR, é a única hipótese :)
Sextant também vendeu pouco, fazendo Herbie repensar a sua carreira. O resultado foi a separação da Mwandishi Band e mudança na sonoridade. Em 1974 surgiria Head Hunters!
Felizmente, 30 anos depois, muita gente iria achar estes trabalhos incontornáveis. O groove lento, loops enormes de baixo e solos gigantes de guitarra e clarinete, necessitam de tempo e disponibilidade.
É música de catarse e tem de ser entendida como tal.

JP*

sábado, março 07, 2009

I`m A Manchild


Programa de rádio emitido este sábado às 20h na R.V.Ria, 90.2 para quem anda pelos lados de Aveiro :)
Destaques a algumas coisas novas, que sem serem motivo para grandes considerações, achamos que vale a pena ouvir nem que seja pelo gozo que podemos tirar no imediato. Por vezes também sabe bem...
Os Tame Impala, além de dizerem que são muito bons, dizem fazer rock psicadélico hipno- groovy :/ São porreiros, não fizeram ainda nada de realmente novo mas a Modular pode dar- lhe visibilidade, como por exemplo os Wolfmother há um par de anos.
Jeremy Jay edita Slow Dance, o seu álbum de estreia, a 24 de Março. No entanto as canções apareceram no BolachasGrátis, por ex., há muito tempo. O amigo Manelix despertou- me a curiosidade e valeu a pena!
Whitest Boy Alive editaram Rules, um disco que facilmente nos mete um sorriso na cara :)
Mais Rock N`Roll crú pelos Black Lips, 200 Million Thousand é o seu novo trabalho.
Anita Blay aka The Cocknbullkid, é uma jovem Inglesa que escreve as próprias canções, On My Own Again, é um tema pop- soul enorme, enorme com os Metronomy na produção!
A playlist é dita e na gravação há 20 segundos antes do programa começar onde se ouve "ter uma namorada é fixe", não é que seja mentira, mas não se assustem. Have fun ;)

PROZAC_PODCAST_07_03_2009 (ZShare)

JP & Tozé

sexta-feira, março 06, 2009

Peace!

HUSH ARBORS- HUSH ARBORS (Ecstatic Peace!, 2008)
Hush Arbors são Keith Wood e Leon Dufficy, o primeiro já colaborou em discos dos Current 93 ou Six Organs Of Admittance. Desta vez foi Ben Chasny a fazer o solo de guitarra na incrível Follow Closely!
Embora já façam música juntos há mais de uma década e tenham várias edições em CDR, só agora se mostram devidadmente pela mão de Thurston Moore na sua editora, ajudados ainda por retirarem feedback e ruído ao seu som anteriormente experimentado e nesse aspecto Water- o tema de abertura, engana e muito. Todo o maximalismo ruidoso passa para segundo plano para se fazer ouvir ao fundo da pradaria, sabemos que lá está, latente, pode chegar a qualquer momento, cria tensão mas o que se sente são dedilhados, suspense e voz sexy a flutuar em drone! :)
No "inlay" há um lobisomen...
Love it.

JP

domingo, março 01, 2009

Kosmische

CLUSTER- CLUSTER 71 (Philips, 1971)
Banda formada por Dieter Moebius, Hans-Joachim Roedelius e Conrad Schnitzler.
Mentes exploradoras que improvisavam com o que tinham à mão. Desde sintetizadores a utensílios de culinária, tudo poderia ser útil.
Ainda hoje há quem o tente, por vezes com resultados pouco encorajadores. Haverá várias razões para isso, para mim, a principal surge no propósito: muitos fazem- no a ver se surge alguma coisa, outros têm um objectivo traçado que estará eventualmente sujeito a alguns desvios ;)
Separadamente ou em duo, Moebius e Roedelius gravaram ainda vários álbuns que vale a pena explorar, levando na viagem alguns amigos como Brian Eno, Conny Plank ou Michael Rother dos Neu!
Álbum sem beats ou riffs, necessitamos de recorrer à respiração ou frequência cardíaca para marcar o tempo em feedback, distorções de guitarra ou loops gravados em k7!
Feel the heartbeat :)

FRIPP & ENO- NO PUSSYFOOTING (EG, 1973)
Álbum gravado paralelamente a "Here Come The Warm Jets" de Brian Eno. Enquanto fazia um disco pop à sua maneira, brotava o resto do seu furor criativo com Robert Fripp!
Segundo percebi nestas gravações eram usados leitores de K7, gravados sons em loop, a estes seriam adicionados elementos audio, criando uma espessa camada sonora que virava inúmeras vezes nas cabeças de playback dos gravadores de k7, Fripp solava com feedback em cima disto:/ Ok, ficaram na mesma? Eu também ;)
Este sistema iria ser recriado Evening Star e Discreet Music de Eno.
Mais uma vez, o que se retira é a experiência de entrar noutra dimensão e ver o reflexo da nossa alma em cubos com as faces de espelhos!
Álbum, inacreditável e paixão assolapada para mim. Mais: edição incrível de cd duplo a preço de amigo na Flur, where else ? :)

Ainda,
Podcast de 28 de Fevereiro emitido na RVR (90.2 FM, distrito de Aveiro) das 20 às 21h.
Há Greg Wilson, Andrew Bird, Jim O`Rourke- Wilco- Neil Young conectados, Alps, DJ Sprikles, Archie Shepp... Como habitualmente a playlist é dita ;)

PROZAC_PODCAST_28_02_2009 (ZShare)

JP

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Rise And Set, Sunburned Hand


Mixtape situada ao nascer ou pôr do sol, à escolha :)
As pessoas não são necessariamente bonitas mas estão felizes, com sorrisos tudo parece melhor.
Há pianos, palmas, vozes, House, Chicago, Detroit e Nova Iorque..
Have a pleasant flight ;)

PROZAC_MIX_29_TELE_VISIONS (ZShare)

Playlist:
>cage & aviary- television train [dfa]
>franz ferdinand- ulysses (beyond the wizard`s sleeve rmx) [domino]
>moon unit- connections (ewan pearson dub) [supersoul]
>tommy walker- sure as [dissident]
>street corner symphony- memories of afrodite (chicken lips rmx) [street corner symphony]
>the detroit experiment- think twice (henrik schwarz rmx) [juno]
>dwight trash- i love new york [better days]
>joy flemming- the final thing [atlantic]
>jaz- tidal bump (jaz edit) [libre ambiance]
>actress- ivy may gilpin [werk]
>andrew bird- master sigh [bellacd]

JP*

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Zomby

ACTRESS- HAZYVILLE (Werk, 2008)
Disco incatalogável, composição sublime pela mão de Darren Cunningham, ele próprio dono da Werk.
São criaturas vindas dos cantos inexplorados da noite, cortes, sujidade, House de Detroit e Techno Ambiente, as alternâncias certas (só são certas depois do disco estar mapeado), groove quase R n`B ou Funky.
O que interessa é a transmissão de calma, bem estar e o prazer de viajar sóbrio, que pode tornar- se um caso sério de hype individual, construído na cabeça!
A meio lembramos Twin Peaks, levitamos e no fim voltamos a carregar no play...
Mind Blowing!

DJ SPRINKLES- MIDTOWN 120 BLUES (Mule, 2008)
Este álbum esconde uma tremenda densidade psicológica, conflitos e frustrações.
Vou transcrever parte da letra de Midtown 120 Intro, que poderá dar uma pequena ideia :/
"House isn`t so much a sound is a situation...The House Nation likes to pretend clubs are an oasis from suffering, but suffering is in here with us... the majority of music at every club was major label vocal shit... The contexts from which Deep House sound emerged are forgotten: sexual and gender crisis, transgendered sex work, black market hormones, drug and alcohol addiction, loneliness, racism, HIV, ACT- UP, police brutality, underpayment, unemployment and censorship- all at 120 BPM.
These are the Midtown 120 Blues."
Demasiados conceitos, muitos fora do meu alcance num post de blog :/
No entanto devemos estar atentos aos significados, claramente a identidade de género perturba a/o Terre Thaemlitz, ou seja, a forma como uma pessoa se sente em relação à sua genética, que é a face exterior que os outros vêem e que nada tem a ver com a orientação sexual. Os "transgender" podem identificar- se como heterosexuais, homosexuais, bisexuais, polisexuais ou asexuais. Na prática redutora tudo isto poderá ser erroneamente confundido, surgindo daí graves preconceitos.
Este disco retrata as várias faces que se escondem na noite, nem sempre a noite de evasão, bonita e alegre. Por isso podemos escolher a capa que queremos para o nosso disco!
Madonna Free Zone lembra- me Welcome Aboard de Mother (F), tema tão inacreditável como caro :( Ouvi- o vezes sem conta cortesia Major Eléctrico!
É pena por vezes não pararmos para pensar, ouvimos o que nos dão, vindo sabe- se lá de onde, muitas vezes sem história ou afecto, é isso que queremos?
Arrasador.

JP

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Dreamers

Pop brilhante. Luz em 2009!

ANIMAL COLLECTIVE- MERRIWEATHER POST PAVILION (Domino, 2009)
Conter impulsos. Ouvir clips de som em loop, como soam ao picar? Comprar o disco, esperar que chegue, olhar para a envolvente: caixa de cartão cuidada, efeito vsual tridimensional (impossível de perceber nas fotos), folhas, grãos de trigo, verde? Roxo?. Abrimos cuidadosamente a caixa, há outra no interior com efeito lisérgico multicolor, alguém nada, admiramos, tentamos perceber se a imagem tem algum significante, arranjamos o nosso significado e pomos o álbum a tocar, saboreamos sem pressa.
Todo o mistério e apelo da caixa é desvendado com algumas audições. Canções pop, procurando novas formas de a fazer, mantendo o fio que nos põe alegres e a cantarolar temas sucessivos, assim belos até ao fim!
Não é que seja mais fácil ou difícil que os outros, é uma banda em renovação, na sua identidade à procura de mutações e da canção perfeita.
Quando relembrarmos esta década os AC vão estar entre os grandes, ou mesmo no grupo dos gigantes.
Tão essencial como perfeito!

ANDREW BIRD- NOBLE BEAST/ USELESS CREATURES (Fat Possum, 2009)
Bird parece ser um homem simples, vive numa quinta, cria animais e faz música para lavar almas.
Ouvem- se palmas, tambores, guitarra acústica, arranjos de violino e electrónica. O assobio marca transições que arrepiam na espinha, a voz é calorosa e o humor negro...
Há pessoas que conseguem transformar temas/ assuntos complexos em coisas aparentemente simples, embora saibamos sempre que a pessoa sabe tudo muito profundamente, essa clareza é apenas a sua forma (inteligente) de estar no mundo. Andrew Bird é uma dessas pessoas.
Useless Creatures são mais 51 minutos de sonho. Temas instrumentais, livres, carregados de surpresas e altamente sensuais, abordando várias linguagens folk, drone ou jazz.
Isto é música vinda dos céus para nos iluminar, revigorar e mostrar que a vida pode ser simples e bela! Assim grande!

JP*

sábado, fevereiro 14, 2009

Belle De Nature


> Novamente Pedro Lourenço a tinta e papel, sempre fantástico!

"Malucos são os outros"

PROZAC_MIX_28_A_SECRET_LIFE (ZShare)

Playlist:
>brian eno/david byrne- regiment [e.g]
>edip akbayram- darildim darildim- lovefingers
>gala drop- ubongo [gala drop]
>slight delay- dirty fingers [rong]
>dennis wilson- dreamer [legacy]
>ginno soccio- so lonely [rfc]
>the alps- cloud one [type]
>hush arbors- follow closely [ecstatic peace]
>karl hector + the malcouns- followed path [stones throw]
>elmore judd- groove killer [honest jon`s]
>dj sprinkles- brenda`s $ 20 dilemma [mule]
>john zorn- l`air & les songes [tzadik]
>john zorn- shalom sholem [tzadik]
>the alps- a manhã na praia [type]
>helios- hope valley hill [type]

JP

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Meeting

John Xela e Stefan Lewandowski conheceram- se numa loja de discos, partilharam conceitos, ideias e ideais. Passaram música juntos. Sedimentaram tudo. Criaram a Type.

THE ALPS- III (Type, 2008)
Estamos no deserto, estão 48ºC, corre um brisa escaldante, não temos água e a desidratação atinge proporções perigosas... começamos a alucinar. Alucinações visuais- um oásis belo, cheio de palmeiras e água corrente, fresca... vemos, estamos a tomar banho, nadamos nús e das palmeiras saem belas princesas que se juntam no lago, nadam em círculos à nossa volta riem, não nos tocam, tampouco conseguimos tocar- lhes, rimos também... somos felizes e aquele é o lugar onde queremos viver.
Álbum absolutamente magistral, inacreditávelmente belo. Construído apartir de guitarra e piano. "A Manhã Na Praia" é um título delicioso...
Drone e psicadelia, arrumam a prateleira, mas apenas isso.

HELIOS- CAESURA (Type, 2008)
Aqui a exploração é feita à volta de sonoridades electrónicas, ambientes, paisagens e aeroportos. Por cima correm melodias e arranjos acústicos.
Na capa olhamos de uma janela, vemos gelo e rochas. À esquerda há uma figura, será um homem? Um monstro? Apenas uma ilusão? Ao fundo há uma casa, vê- se fumo. Imaginamos o conforto que deve estar perto daquela lareira. Somos abraçados pelo ambiente acolhedor e confortável.
Esta música torna- nos viajantes de quarto, sonhadores e com sorte, mais criativos...
Perfeição!

JP*

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

5th Dimension

MILES DAVIS- A TRIBUTE TO JACK JOHNSON (Columbia/Legacy, 1970)
Miles Davis pertence ao pequeno grupo de músicos aos quais podemos apelidar de génios.
Jack Johnson foi o primeiro campeão Afro- Americano da categoria pesos- pesados.
Como fã e praticante de boxe, Davis sabe perfeitamente que o boxe se joga com os pés. A pancada é importante, mas esta não é nada se não existirem pés hábeis, que permitam ainda uma boa rotação das cinturas (pélvica e escapular) para todo o peso do corpo ser sentido e projectado no breve e devastador murro.
Ao ouvir este álbum sentimos os pés a mover naturalmente. Davis ensina a jogar boxe apenas com recurso ao aparelho auditivo, toda a energia da música é descarregada nos pés- e que leves, que bem que mexem...
Miles Davis já tinha traçado o caminho do Jazz- Rock em "In A Silent Way" e "Bitches Brew", contudo aqui é o Rock que predomina em duas peças com mais de 25 minutos cada!
Veja- se ainda o alinhamento: Miles Davis- Trompete; Steve Grossman- Saxofone Soprano; Herbie Hancock- Orgão; John McLaughlin- Guitarra Eléctrica; Michael Henderson- Baixo Eléctrico; Billy Cobham- Bateria.
Incrível!

ALBERT AYLER- MUSIC IS THE HEALING FORCE OF THE UNIVERSE (Impulse, 1969)
A caixa é um caso à parte :)
"Music Is The Healing Force", além de verdade absoluta é construído apartir da secção rítmica: Bobby Few no Piano; Stafford James e James Folwell no Baixo e Muhammad Ali na Bateria. Mary Parks- namorada de Ayler, canta! Canta com emoção (leia- se vibração) que acompanha o inconfundível vibrato de Ayler, que não é fácil, mas sabe bem...
"Drudgery" é o tema Blues- Assombroso que fecha alegremente este disco.
Infelizmente, um ano depois Ayler teria um final trágico...

Obrigado Rui! De outra forma não compraria estes discos...

JP

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Too High

ARCHIE SHEPP- ATTICA BLUES (Impulse, 1972)
Em 1971 foi fechada a prisão de Attica, após massacre a 43 prisioneiros. Actualmente a história repete- se, politica e socialmente.
Do ponto de vista musical, como forma de protesto, expressão ou apenas opinião- Shepp fez um álbum de Blues, Swing, Soul e Funk com toque Jazz refinado e subtil com Soprano nasalado, que se torna característico com múltiplas audições.
Podemos obter pontos de ligação com Isaac Hayes, Stevie Wonder, Gil Scott Heron ou Shuggie Ottis... Acima de tudo gente com valores bem estruturados, pensadores criticos, sem medo de pressões ou retaliações. Pensavam, não fugiam.

STEVIE WONDER- INNERVISIONS (Motown, 1973)
Dinamismos à parte. A capa. Stevie Wonder aparece numa aparente janela, com visão cónica, para o céu, sobre montanhas e florestas. Como cego Wonder, vira- se para dentro apurando a crítica e consciência políticas, com abordagem espiritual.
Dos álbuns de Stevie Wonder que ouvi com atenção até à data, este é globalmente o mais coerente e consistente, onde o groove funk, jams e melodia encontram o equilíbrio perfeito.
Na abertura "Too High" é um verdadeiro épico e "Hey Misstra Know- It- All" é para Tricky Dick, aka Richard Milhouse Nixon, fazendo títulos de jornais, pelas razões que podemos rever em Frost- Nixon.
Genial.

JP

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Dubble Dong


> ilustração de Pedro Lourenço, a tinta e papel. "Blues Control" (também banda que o meu amigo Rui Silva me mostrou há pouco tempo) é o seu primeiro livro.

Se respirarmos lentamente, se não suspirarmos, podemos controlar praticamente tudo o que causa ansiedade, o que inclui a "pressa"...
Mas, podemos ainda apreciar música lenta, sem clímax óbvio, mas com vários, que vamos criando. Só assim, no ar, com pormenores onde tudo acontece... se respirarmos lentamente...
Todos os temas nesta mixtape fazem parte de algo maior...

PROZAC_MIX_27_LOVE_AND_LET_LIVE (ZShare)

Playlist:
>the ba benzele pygmies- the song of rejoicing after returning from a hunt [rounder]
>theo parrish- love triumphant [bmi]
>reggie dokes- black children of the ghetto [philpot]
>omar- s- leave luck to heaven [fxhe]
>quasimode- the land of freedom (slope rmx) [sonar kollectiv]
>f.s.k meets anthony shake- swing to bop [disko b]
>street corner symphony- the fifth symphony (harvey`s moist mix) [street corner symphony]
>wild rumpus & beardy- rock the joint (reverso 68 rmx) [bitches brew]
>greg kihn band- jeopardy [wea]
>zsa zsa laboum- something scary [kaos]
>neil young- don`t let it bring you down [reprise]

JP*

domingo, janeiro 25, 2009

A Manhã Na Praia

TOWNES VAN ZANDT- OUR MOTHER THE MOUNTAIN (Tomato, 1969)
"The poets are demanding their pay, they`ve left me with nothin` to say"
Van Zandt, nasceu no Texas, o seu pai era um homem do petróleo, consta que bem abastado, projectava no filho a imagem de advogado ou político, talvez até governador do Texas! Rapidamente as expectativas familiares foram desfeitas. Townes tornara- se um escritor, exorcizava os sentimentos mais íntimos e pensamentos assombrados... A música veio como veículo emocional, inspirando- se em Hank Williams, Bob Dylan e Lightnin` Hopkins.
"Although the songs resonated with the times, they were still not of the times. Townes Van Zandt was part of no movement besides his own."
Arrepiante!

NEIL YOUNG- HARVEST (Reprise, 1972)
Harvest é talvez o álbum mais popular de Neil Young. Há temas acústicos, eléctricos e 2 canções com a "London Symphony Orchestra". Há também canções de amor, necessidade de ser amado e dependência de drogas. "Heart Of Gold" é hino que Young deixou de tocar ao vivo para não se cansar :)
Neil Young é enorme.
Admiração e respeito.

Podcast de sábado emitido na RVR das 20 às 21h.
Destaque a Shawn Lee. Kelley Polar, Simon Bookish, Neil Young, Animal Collective, Sly & The Family Stone... Tudo temas que fazem parte de álbuns que gostamos!
A playlist é dita:

PROZAC_PODCAST_24_1_2009 (ZShare)

(o programa é ripado da emissão on- line, perdendo qualidade de som. Pedimos desculpa.)

JP