sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Rise And Set, Sunburned Hand


Mixtape situada ao nascer ou pôr do sol, à escolha :)
As pessoas não são necessariamente bonitas mas estão felizes, com sorrisos tudo parece melhor.
Há pianos, palmas, vozes, House, Chicago, Detroit e Nova Iorque..
Have a pleasant flight ;)

PROZAC_MIX_29_TELE_VISIONS (ZShare)

Playlist:
>cage & aviary- television train [dfa]
>franz ferdinand- ulysses (beyond the wizard`s sleeve rmx) [domino]
>moon unit- connections (ewan pearson dub) [supersoul]
>tommy walker- sure as [dissident]
>street corner symphony- memories of afrodite (chicken lips rmx) [street corner symphony]
>the detroit experiment- think twice (henrik schwarz rmx) [juno]
>dwight trash- i love new york [better days]
>joy flemming- the final thing [atlantic]
>jaz- tidal bump (jaz edit) [libre ambiance]
>actress- ivy may gilpin [werk]
>andrew bird- master sigh [bellacd]

JP*

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Zomby

ACTRESS- HAZYVILLE (Werk, 2008)
Disco incatalogável, composição sublime pela mão de Darren Cunningham, ele próprio dono da Werk.
São criaturas vindas dos cantos inexplorados da noite, cortes, sujidade, House de Detroit e Techno Ambiente, as alternâncias certas (só são certas depois do disco estar mapeado), groove quase R n`B ou Funky.
O que interessa é a transmissão de calma, bem estar e o prazer de viajar sóbrio, que pode tornar- se um caso sério de hype individual, construído na cabeça!
A meio lembramos Twin Peaks, levitamos e no fim voltamos a carregar no play...
Mind Blowing!

DJ SPRINKLES- MIDTOWN 120 BLUES (Mule, 2008)
Este álbum esconde uma tremenda densidade psicológica, conflitos e frustrações.
Vou transcrever parte da letra de Midtown 120 Intro, que poderá dar uma pequena ideia :/
"House isn`t so much a sound is a situation...The House Nation likes to pretend clubs are an oasis from suffering, but suffering is in here with us... the majority of music at every club was major label vocal shit... The contexts from which Deep House sound emerged are forgotten: sexual and gender crisis, transgendered sex work, black market hormones, drug and alcohol addiction, loneliness, racism, HIV, ACT- UP, police brutality, underpayment, unemployment and censorship- all at 120 BPM.
These are the Midtown 120 Blues."
Demasiados conceitos, muitos fora do meu alcance num post de blog :/
No entanto devemos estar atentos aos significados, claramente a identidade de género perturba a/o Terre Thaemlitz, ou seja, a forma como uma pessoa se sente em relação à sua genética, que é a face exterior que os outros vêem e que nada tem a ver com a orientação sexual. Os "transgender" podem identificar- se como heterosexuais, homosexuais, bisexuais, polisexuais ou asexuais. Na prática redutora tudo isto poderá ser erroneamente confundido, surgindo daí graves preconceitos.
Este disco retrata as várias faces que se escondem na noite, nem sempre a noite de evasão, bonita e alegre. Por isso podemos escolher a capa que queremos para o nosso disco!
Madonna Free Zone lembra- me Welcome Aboard de Mother (F), tema tão inacreditável como caro :( Ouvi- o vezes sem conta cortesia Major Eléctrico!
É pena por vezes não pararmos para pensar, ouvimos o que nos dão, vindo sabe- se lá de onde, muitas vezes sem história ou afecto, é isso que queremos?
Arrasador.

JP

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Dreamers

Pop brilhante. Luz em 2009!

ANIMAL COLLECTIVE- MERRIWEATHER POST PAVILION (Domino, 2009)
Conter impulsos. Ouvir clips de som em loop, como soam ao picar? Comprar o disco, esperar que chegue, olhar para a envolvente: caixa de cartão cuidada, efeito vsual tridimensional (impossível de perceber nas fotos), folhas, grãos de trigo, verde? Roxo?. Abrimos cuidadosamente a caixa, há outra no interior com efeito lisérgico multicolor, alguém nada, admiramos, tentamos perceber se a imagem tem algum significante, arranjamos o nosso significado e pomos o álbum a tocar, saboreamos sem pressa.
Todo o mistério e apelo da caixa é desvendado com algumas audições. Canções pop, procurando novas formas de a fazer, mantendo o fio que nos põe alegres e a cantarolar temas sucessivos, assim belos até ao fim!
Não é que seja mais fácil ou difícil que os outros, é uma banda em renovação, na sua identidade à procura de mutações e da canção perfeita.
Quando relembrarmos esta década os AC vão estar entre os grandes, ou mesmo no grupo dos gigantes.
Tão essencial como perfeito!

ANDREW BIRD- NOBLE BEAST/ USELESS CREATURES (Fat Possum, 2009)
Bird parece ser um homem simples, vive numa quinta, cria animais e faz música para lavar almas.
Ouvem- se palmas, tambores, guitarra acústica, arranjos de violino e electrónica. O assobio marca transições que arrepiam na espinha, a voz é calorosa e o humor negro...
Há pessoas que conseguem transformar temas/ assuntos complexos em coisas aparentemente simples, embora saibamos sempre que a pessoa sabe tudo muito profundamente, essa clareza é apenas a sua forma (inteligente) de estar no mundo. Andrew Bird é uma dessas pessoas.
Useless Creatures são mais 51 minutos de sonho. Temas instrumentais, livres, carregados de surpresas e altamente sensuais, abordando várias linguagens folk, drone ou jazz.
Isto é música vinda dos céus para nos iluminar, revigorar e mostrar que a vida pode ser simples e bela! Assim grande!

JP*

sábado, fevereiro 14, 2009

Belle De Nature


> Novamente Pedro Lourenço a tinta e papel, sempre fantástico!

"Malucos são os outros"

PROZAC_MIX_28_A_SECRET_LIFE (ZShare)

Playlist:
>brian eno/david byrne- regiment [e.g]
>edip akbayram- darildim darildim- lovefingers
>gala drop- ubongo [gala drop]
>slight delay- dirty fingers [rong]
>dennis wilson- dreamer [legacy]
>ginno soccio- so lonely [rfc]
>the alps- cloud one [type]
>hush arbors- follow closely [ecstatic peace]
>karl hector + the malcouns- followed path [stones throw]
>elmore judd- groove killer [honest jon`s]
>dj sprinkles- brenda`s $ 20 dilemma [mule]
>john zorn- l`air & les songes [tzadik]
>john zorn- shalom sholem [tzadik]
>the alps- a manhã na praia [type]
>helios- hope valley hill [type]

JP

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Meeting

John Xela e Stefan Lewandowski conheceram- se numa loja de discos, partilharam conceitos, ideias e ideais. Passaram música juntos. Sedimentaram tudo. Criaram a Type.

THE ALPS- III (Type, 2008)
Estamos no deserto, estão 48ºC, corre um brisa escaldante, não temos água e a desidratação atinge proporções perigosas... começamos a alucinar. Alucinações visuais- um oásis belo, cheio de palmeiras e água corrente, fresca... vemos, estamos a tomar banho, nadamos nús e das palmeiras saem belas princesas que se juntam no lago, nadam em círculos à nossa volta riem, não nos tocam, tampouco conseguimos tocar- lhes, rimos também... somos felizes e aquele é o lugar onde queremos viver.
Álbum absolutamente magistral, inacreditávelmente belo. Construído apartir de guitarra e piano. "A Manhã Na Praia" é um título delicioso...
Drone e psicadelia, arrumam a prateleira, mas apenas isso.

HELIOS- CAESURA (Type, 2008)
Aqui a exploração é feita à volta de sonoridades electrónicas, ambientes, paisagens e aeroportos. Por cima correm melodias e arranjos acústicos.
Na capa olhamos de uma janela, vemos gelo e rochas. À esquerda há uma figura, será um homem? Um monstro? Apenas uma ilusão? Ao fundo há uma casa, vê- se fumo. Imaginamos o conforto que deve estar perto daquela lareira. Somos abraçados pelo ambiente acolhedor e confortável.
Esta música torna- nos viajantes de quarto, sonhadores e com sorte, mais criativos...
Perfeição!

JP*

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

5th Dimension

MILES DAVIS- A TRIBUTE TO JACK JOHNSON (Columbia/Legacy, 1970)
Miles Davis pertence ao pequeno grupo de músicos aos quais podemos apelidar de génios.
Jack Johnson foi o primeiro campeão Afro- Americano da categoria pesos- pesados.
Como fã e praticante de boxe, Davis sabe perfeitamente que o boxe se joga com os pés. A pancada é importante, mas esta não é nada se não existirem pés hábeis, que permitam ainda uma boa rotação das cinturas (pélvica e escapular) para todo o peso do corpo ser sentido e projectado no breve e devastador murro.
Ao ouvir este álbum sentimos os pés a mover naturalmente. Davis ensina a jogar boxe apenas com recurso ao aparelho auditivo, toda a energia da música é descarregada nos pés- e que leves, que bem que mexem...
Miles Davis já tinha traçado o caminho do Jazz- Rock em "In A Silent Way" e "Bitches Brew", contudo aqui é o Rock que predomina em duas peças com mais de 25 minutos cada!
Veja- se ainda o alinhamento: Miles Davis- Trompete; Steve Grossman- Saxofone Soprano; Herbie Hancock- Orgão; John McLaughlin- Guitarra Eléctrica; Michael Henderson- Baixo Eléctrico; Billy Cobham- Bateria.
Incrível!

ALBERT AYLER- MUSIC IS THE HEALING FORCE OF THE UNIVERSE (Impulse, 1969)
A caixa é um caso à parte :)
"Music Is The Healing Force", além de verdade absoluta é construído apartir da secção rítmica: Bobby Few no Piano; Stafford James e James Folwell no Baixo e Muhammad Ali na Bateria. Mary Parks- namorada de Ayler, canta! Canta com emoção (leia- se vibração) que acompanha o inconfundível vibrato de Ayler, que não é fácil, mas sabe bem...
"Drudgery" é o tema Blues- Assombroso que fecha alegremente este disco.
Infelizmente, um ano depois Ayler teria um final trágico...

Obrigado Rui! De outra forma não compraria estes discos...

JP

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Too High

ARCHIE SHEPP- ATTICA BLUES (Impulse, 1972)
Em 1971 foi fechada a prisão de Attica, após massacre a 43 prisioneiros. Actualmente a história repete- se, politica e socialmente.
Do ponto de vista musical, como forma de protesto, expressão ou apenas opinião- Shepp fez um álbum de Blues, Swing, Soul e Funk com toque Jazz refinado e subtil com Soprano nasalado, que se torna característico com múltiplas audições.
Podemos obter pontos de ligação com Isaac Hayes, Stevie Wonder, Gil Scott Heron ou Shuggie Ottis... Acima de tudo gente com valores bem estruturados, pensadores criticos, sem medo de pressões ou retaliações. Pensavam, não fugiam.

STEVIE WONDER- INNERVISIONS (Motown, 1973)
Dinamismos à parte. A capa. Stevie Wonder aparece numa aparente janela, com visão cónica, para o céu, sobre montanhas e florestas. Como cego Wonder, vira- se para dentro apurando a crítica e consciência políticas, com abordagem espiritual.
Dos álbuns de Stevie Wonder que ouvi com atenção até à data, este é globalmente o mais coerente e consistente, onde o groove funk, jams e melodia encontram o equilíbrio perfeito.
Na abertura "Too High" é um verdadeiro épico e "Hey Misstra Know- It- All" é para Tricky Dick, aka Richard Milhouse Nixon, fazendo títulos de jornais, pelas razões que podemos rever em Frost- Nixon.
Genial.

JP